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Museu Municipal de Vila Franca de Xira
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Património Histórico
- Fonte do Choupal
DESIGNAÇÃO: FONTE DO CHOUPAL
Também designado por Fonte de Alverca.
LOCALIZAÇÃO:
DISTRITO: Lisboa;
CONCELHO: Vila Franca de Xira; Alverca do Ribatejo.
ACESSO: Feito no final da Rua dos Lavadouros
PROTEÇÃO: Imóvel protegido pelo PDM em Vigor – Valores Culturais – Outros Imóveis com Interesse - Arquitetura Civil.
ENQUADRAMENTO: Implantada no interior da cidade de Alverca do Ribatejo, na área da antiga Quinta da Omnia.
Noutros tempos lugar de promessas e segredos, de namoros escondidos regados de água fresca, considerada por muitos como uma água milagrosa. Entretanto a nascente secou.
DESCRIÇÃO: Composta essencialmente por argamassa possui cantarias e frisos bastante simples.
UTILIZAÇÃO INICIAL: Abastecimento de água à população.
UTILIZAÇÃO ATUAL: Marco histórico-cultural.
ESTADO DE CONSERVAÇÃO 2025: O estado de conservação é excelente.
PROPRIEDADE: Pública Estatal.
TIPOLOGIA: Fontanário.
CARACTERÍSTICAS PARTICULARES: Era propriedade de D. Luís de Portugal.
BIBLIOGRAFIA: Biblioteca Municipal VFX, Notícias de Alverca, ano IX; n.º 64, novembro 1992. BMVFX, Notícias de Alverca, ano XII, n.º 93, 15 de fevereiro de 1995, pp. 10, 15 e16.
BMVFX, Notícias de Alverca, ano XII, n.º 94, 15 de maio de 1995, pp. 8 e 9. BMVFX, Notícias de Alverca, ano XIV, n.º 120, 15 de julho 1997, p. 5.
BMVFX, Vida Ribatejana, ano 44º, n.º 2170, 1 de outubro de 1960, Vol. 1960/61.
FERREIRA, Anabela, Mouras Encantadas e Outras Histórias, Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Edição do Museu Municipal.
PACHECO, José do Carmo, Monografia de Alverca, Junta de Freguesia de Alverca, 1998, pp. 54, 206 e 207. PATRÍCIO, António, “Alverca”, in Dicionário Geográfico, Vol. I, Lisboa, s.d., pp. 200, 201, 206 e 207.
INTERVENÇÃO REALIZADA: CMVFX/1960 – Com a falta de água na fonte do choupal, a bica foi rebaixada, na tentativa de resolver esse problema.
Junta de Freguesia de Alverca e CMVFX/1995 – Projeto de recuperação da Fonte do Choupal, ainda que com água da rede pública.
J.F.Alverca/1995 – 200 contos no Orçamento do Plano de Atividades de 1995 da Junta de Freguesia de Alverca, destinados à Fonte do Choupal.
CMVFX/1996 – Proposta de trabalho em conjunto com três dos candidatos de 1995 ao Concurso de Ideias e Projetos lançado pela Junta de Freguesia: o projeto é baseado em reestruturações limitadas pelo espaço exíguo da fonte.
CMVFX/2001 – A construção de um edifício, imediatamente por detrás da fonte, levou à execução de um arranjo da sua envolvente, bem como ao desmantelamento e recolocação da mesma no local, a uma cota mais elevada (nível do arruamento).
OBSERVAÇÕES: “A fonte da Alverca proximo a Villa em Baldio do Conselho, feita ao moderno de alvenaria e cantaria, com huma grande bica de ferro, lança em todo o tempo do anno abundancia de agua, mui medicinal para enfermidade de pedra, e não há memoria, que quem bebesse della continuadamente, tivesse semelhante queixa: há tradição, que sentindo-se algumas pessoas das circumvisinhanças com aquelle penoso achaque, usando esta agua sem outra medicina, acharão nella allivio, e remédio, o que podiamos conffirmar com muitos exemplos.”34
34 PATRÍCIO, António, “Alverca”, in Dicionário Geográfico, Vol. I, Lisboa, s.d., pp. 200 a 201.
“...Proximo à villa, em baldio das dittas Cappellas (de D. Afonso IV) está huma fonte, de que uza o povo, feyta de alvenaria e alguma cantaria, com huma grande bica de ferro, por onde lansa em todo o anno copioza agoa medicinál para queixa de pédra, de sorte, que costuma levarçe para Lisboa, e outras terras, por acharem saude na-quella penoza queixa os infermos, que della uzão.”35
CMVFX/1960 – A falta de água da Fonte do Choupal, levou a que a sua bica fosse rebaixada, mas sem o sucesso esperado.36
Diz-se que as suas águas possuíam características medicinais, curando as sardas, as impigens e todas as dermatoses de modo radical.
“ (...) já viram o estado a que chegou a Fonte do Choupal? A água já há muito que não corre, o chão mais parece um depósito de lixo, o «mosquedo» intensifica-se de dia para dia e, pior que tudo, aquele local é (ao que se diz) palco de actividades menos «aconselháveis» à noite. Tudo isto, mesmo após vários idosos alverquenses tendo solicitado em Assembleia de freguesia, a reparação da fonte e do espaço contíguo...”37
“(...)a Fonte do Choupal há muito que morreu (...) O espaço, a fonte, a bica lá estão. A água não sabem, desviou o seu caminho ou então, secou nascente. (...) A Junta de Freguesia de Alverca decidiu este ano, no seu plano de actividades, incluir a recuperação deste espaço público de encontro e de convívio. (...)
O concurso de ideias e projectos para a recuperação da fonte depende apenas, em primeiro lugar, da participação de arquitectos, engenheiros ou desenhadores interessados nesta iniciativa. (...) em conversa mantida com Cardoso Pereira, responsável por este pelouro na J.F.A., soubemos que o que se pretende «é recuperar a fonte mesmo que tenha que ser com água da rede pública (...) Pensamos fazer dali um local de união entre a parte baixa e alta da cidade, onde se pode desenvolver convívios e espectáculos no Verão para que a população de um lado e do outro se conheça...”38
Este projeto nunca chegou a ser posto em prática.
“O final do ano de 1996, marcou outra fase para a Fonte do Choupal. Os eleitos decidiram com os elementos do concurso e apresentaram aos interessados uma proposta de trabalho em conjunto. Três dos candidatos de 1995 aceitaram o desafio e estão neste momento a preparar-se para apresentarem o resultado até ao
final do mês. A partir daqui já nada depende dos arquitectos António Machado, Pedro Barbosa ou Fátima Rodrigues. O projecto está feito e baseado em reestruturas limitadas pelo espaço exíguo da fonte. As novidades residem na criação de um pequeno palco desenhado no chão, perca da bica, de uma bancada multi-usos e de uma escadaria mais generosa do que a que actualmente se encontra no local. O chão vai ficar a calçada branca, rosa e cinzenta e outras partes a calcário branco. O grande objectivo é que o espaço volte a reviver outros tempos e acolha pequenos espectáculos de rua, desde música ao teatro, por exemplo. As árvores no local vão desaparecer para serem substituídas por outras, uma vez que as raízes das existentes não permitem a livre circulação da água. Para embelezar o local, os três arquitectos alverquenses pensaram em pequenas floreiras.”39
35 ANTT, Dicionário Geográfico ou Memórias Paroquiais, Memórias Paroquiais de Alverca, Vol.III, Memória 43, pp. 339.
36 BMVFX, Vida Ribatejana, ano 44º, n.º 2170, 1 de outubro 1960, Vol.1960 – 1961.
37 BMVFX, Notícias de Alverca, ano IX, n.º 64, novembro de 1992.
38 BMVFX, Notícias de Alverca, ano XII, n.º 94, 15 de maio 1995.
39 BMVFX, Notícias de Alverca, ano XIV, n.º 120, 15 de julho 1997.
Lenda da Fonte do Choupal que José Rafael Pinto descreveu no Jornal Diário de Notícias de 21 de dezembro de 1929, tal como era contado na época pela boca do povo:
“No topo da vila, havia em tempos idos, um campo arborizado que servia de pastagem aos rebanhos, conduzidos e apascentados por crianças pobres que, de peito, pernas e pezinhos ao léu, sorriso aflorar nos lábios ou a flauta do zagala repenicar melodias campestres, passavam as tardes docemente, naquele encanto silencioso e belo que a natureza sabe dar...Certa tarde, ao lusco-fusco, o gado já reunido, o rafeiro a giraldar e as avés-marias a ouvirem-se ao longe, um pastorinho viu aparecer, como por magia, a figura de uma linda Santa, com uma grande trança que lhe chegava aos pés desnudos...surpreendida e comovida, a criança correu a dizer aos país, os país aos vizinhos e os vizinhos aos restantes habitantes, do milagre que o rapazinho presenciara...
E todos em romaria visitaram o local da aparição, no meio de uma vegetação luxuriante e aromática. E então um fio de água começou a correr...linfa que aquela gente considerou milagrosa e tão milagrosa era que curou muitos velhinhos cheios de dores...
Ali se construiu uma bica sussurrante cristã e humilde de uma singeleza de encantar.”40
AUTOR E DATA: Vanessa Amaral – 2004.
ATUALIZAÇÃO E REVISÃO 2025: Maria João Martinho, Catarina Simão e Daniel Bernardes.
40 BMVFX, Notícias de Alverca, ano IX, n.º 64, novembro, 1992.